quinta-feira, 28 de julho de 2016

Verbetes II

Morte lenta

Terra dos Ventos sem Nome, numa dessas madrugadas em que o polo já nos manda algum frio: o casal sai da festa com fome e agora, depois da temporada de verão, são poucas as suas opções; decidem comer um cachorrão, mais conhecido como Morte lenta. Caminham abraçados até o quiosque na esquina da igreja, entram na fila, fazem o pedido, recebem a ficha e esperam. Esperam ao relento um Morte lenta.

O cara é chato: gosta da sua mostarda, na sua casa, então apanham os lanches e caminham as poucas quadras que separam o quiosque do apê. Ela leva os lanches quentes, ele, as latas frias de refri.

Sentam-se à mesa da sala: pratos, um rolo de papel-toalha, copos e o imprescindível tubo de mostarda. Comem avidamente, em silêncio. Cada um devora seu Morte lenta.

Assim vai a relação: depois da festa da paixão, uma morte lenta, que esperamos no escuro e no frio.

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