quinta-feira, 21 de julho de 2016

Verbetes I

Estou trabalhando em textos novos. Por ora, e talvez mais duas vezes no futuro, vou embromar vocês com uns posts que saíram na fase de verbetes do Ménage; eles foram um tantinho limados para o contexto deste blog e para se adequarem ao novo acordo ortográfico. Fazendo um parêntese: que acordo? Revolta-me ter de escrever sem o trema sabendo que Portugal não ratificou o acordo e que, portanto, em nada mudou sua ortografia! Fizemos nós essa cagança com nosso quinhão da última flor do Lácio, inculta e bela, pra quê? Enfim, aí vão os primeiros verbetes, com ou sem o perdão da Thaís :-):

Comunicação de casal
Carranca abre caminho. É toda essa comunicação não-verbal que serve de advertência, que diz sem dizer que há uma linha que não se deve cruzar. Temos uma relação, mas ainda somos dois indivíduos e o meu espaço ninguém tasca! O olhar fulminante, nossa herança fantástica do basilisco, ou o gesto curto, decidido, da mão à altura da cintura. Pequenas violências que evitam as grandes e que, portanto, preservam a relação.

Abre-se então, entre esses espaços preservados, o campo para o carinho mútuo. Cafunés, aqueles apelidos tontos, mais das vezes zoológicos, que não evitam os amantes, o sexo gostoso e um dia, quem sabe, a glória de fazer amor de verdade.



Desafogo
O grito do Ipiranga. "The Short Happy Life of Francis M", do Hemingway.

Ou não.

Ou o contrário: o menino de 11 anos, o mais novinho em sua turma, que num assomo da loucura que demonstrará mais tarde nas paixões da adolescência, diz para sua colega que, para ele, ela tem mais magia do que todos os filmes do Harry Potter juntos! O desafogo de confessar uma paixão que já não é suportável incubada, que crescia como um câncer, ocupando o espaço de outras coisas saudáveis (e não como uma figueira, que cresce para tornar-se mais misteriosa e forte), compensa fartamente a trabalhosa digestão de todo o desdém que ela lhe professa: finalmente, o autorama volta a ter graça!

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