sábado, 30 de julho de 2016

Velsos I

Diz a lenda que Ary Barroso, que era flamenguista roxo, comandava seu "Calouros em Desfile" e apareceu-lhe um sujeito grandalhão, vestido com uma camisa do Fluminense, para cantar. Quando Ary perguntou-lhe o que ele ia cantar, respondeu: "Uma musiquinha nova aí, 'Aquarela do Brasil'". Imaginem o humor em que Ary estava a essas alturas do campeonato, mas deixou o barco correr e o calouro meteu-lhe bala, desafinado e esganiçado como ele só. Quando chegou lá, cantou: "Vou cantar-te nos meus velsos..." E aí foi demais pro Ary: "Pode parar! O senhor pode cantar nos seus 'velsos', mas nos meus versos o senhor não vai cantar!"

Pois então... Amigos honestos me aconselharam: "Cara, pega teus versos e coloca no fundo da tua gaveta mais funda, porque não dá, não é a tua praia." Não acho que eles estão errados, se vou fazer com vocês a judiaria de publicar alguns nesse blog é mais para aumentar a diversidade dos textos do que outra coisa. E não fica tão ruim assim pra vocês: quando o título for "Velsos", é só pular o post!

ADVERTÊNCIA
Nunca entendi a cadência do verbo
Jamais dominei o ritmo do verso
Posso contar a métrica
Mas me esqueço das tônicas
Se meu verso não é mudo,
Coitado, nasceu surdo.

                                                                       ***

Receita
para escrever Guardanapos:
Nego tem de perder as papas
                                  [da língua
Tem de perder até os papos
                                  [com os amigos:
Só a solidão escreve Guardanapos!

                                                                       ***

No fim do caminho, há um ego
que, coitado, já está no prego
Já não dão por ele nem uma tampinha
da Branca de Neve
Já não há quem leve
Esta mala pra casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário