segunda-feira, 25 de julho de 2016

Sensações

Eles voltavam dos molhes pedalando pela praia da Terra dos Ventos sem Nome. Em frente às ruínas do terminal turístico, foram colhidos pelo temporal: o vento, que até então vinha do mar e era ligeiramente a favor, levantou de um segundo para o outro, que é a beleza dos temporais, rondou e soprou de Sul com vontade. Junto com o vento forte veio a chuva, chuva guasqueada a vento, açoitando o casal incauto. Ela não aguentou pedalar contra tanto vento, nada via, porque as guascas d'água machucavam-lhe os olhos, e já sentia dores no seu sensível ouvido esquerdo. Sofreu, a bela companheira!

O casal saiu da praia na primeira entrada para o balneário e pedalou até o apartamento dele. Lá, sob um chuveiro maravilhoso, tiveram a felicidade que é redescobrir os prazeres de um banho a dois, depois de tanto tempo. Uma bela bimba e a sensação de terem feito amor, ou de terem andado muito perto disso.

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duas flechas que formam uma flecha
dois amantes que formam — o quê?

Tem de ter a ver com eletricidade — geração, acumulação e descargas. Podemos pensar em dínamos, mas dínamos são pesados, e o amor é leve. O amor é, ou antecipa, a fusão a frio. Não que o tenhamos inventado — paro para pensar na primeira foda completa em seus elementos: corte, agarramento violento, alguma espécie de penetração e a triste separação depois do clímax: omne animal triste post coitum.

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